Eu tenho mais cinco semanas no Brasil, e depois de um mês de julho infinito, tenho a sensação de que agosto será mais rápido. Um pressentimento, talvez, ou apenas um desejo inato. Sei que esse é o mês para as pendências finais, e a lista da quantidade de coisas que preciso finalizar só aumenta, mas finalmente comecei a arrumar meu quarto e dar início a esse pensamento: o que levar na mala para viagem?
Me sinto bem contente por, no mês de julho, ter conseguido realizar algumas coisas importantes, porque de verdade, foi o pior mês do ano pra mim, acho. Eu deveria ter feito tanta coisa, principalmente em termos de trabalho, e não fiz. Mas é, estou feliz que as passagens estão compradas, as malas também. E me incomoda o tamanho delas, porque não parecem grandes o suficiente.
Acho que dessa vez, é mais complicado arrumar minhas coisas, porque cada vez que começo, já não é muito o pensamento de "itens pra guardar" que surgem, mas o de "itens a jogar fora e doar". E confesso que dói um pouco, porque é sempre essas despedidas simbólicas, sabe.
Itens para doação
Sou uma viciada em itens de papelaria, e obviamente o que mais tenho aqui em casa é papel e caneta. Consegui lotar quase dois sacos de lixo para os itens de doação. De verdade, se fosse uma viagem de só alguns meses, não acho que estaria fazendo isso, mãaaas.... tá meio inevitável nessa altura do campeonato ficar com apego muito forte a coisas materiais, se vou ficar quase um ano fora pelo menos.
Então, entrou para a doação meu amado pote de lápis de cor e caixa de giz de cera. Em certos momentos, principalmente quando estou sob muito estresse, eu começo a pintar mandalas, fazer desenhos, rabiscos. Espero que os alunos que forem usar isso aproveitem, porque cada um daqueles lápis, tem pedacinhos de mim.
Minha caixa de lápis de escrever e de canetas, vários post-its. Obviamente vou levar alguns comigo na viagem, mas não dá pra levar tudo. Acreditem, tinha post-it no saquinho ainda, novo. Pacotes de folha sulfite branca, e pacotes de folhas coloridas. As rosas, amarelas e azuis.
Cadernos de 10 matérias, uns 6 ou 7. Novinhos, bem dizer, porque eu escrevo muito, e em crises de ansiedade, preciso de folhas, e cadernos nunca são excessos. Talvez eu mande pra doação mais 2 cadernos, que já usei algumas folhas, mas quero passar esse último mês usando eles para mais algumas anotações.
2 enormes pastas pretas, lotadas de artigos científicos na área de sustentabilidade, e na área de gestão e marketing. Todos esses artigos, com várias das minhas anotações e pensamentos. Espero que futuras gerações de alunos que farão TCC possam tirar proveito disso, porque doeu muito me desfazer deles. Mas sei que terá um melhor aproveitamento em uma biblioteca.
Preciso me desfazer do meu pote de miçangas, mas quero fazer mais algumas pulseiras. Acho que, o restante, darei pra minha irmã caçula. Ela veio um dia me visitar e se apaixonou por elas, fez algumas pulseirinhas.
Tenho um potinho de clipes coloridos também, que não sei como me desfazer. Eu deveria doar também, mas ainda não tive forças. A quem quero enganar? Talvez vá na mala comigo. Mas vai ter espaço?
Itens para o lixo
Foto de Anna Shvets
Foi com muita alegria, que enchi duas sacolas enormes de lixo. E com isso quero dizer, montanhas de papel que não terão mais utilidade. Entre exames médicos antigos, planejamentos de aula, rascunhos e atividades de ex alunos, a única coisa que escapou foram exames mais recentes, desse ano, e os principais resultados da minha dissertação.
Cara, fazia muitos anos que eu não via aquilo, hein... Passei tantos anos debruçadas naqueles números, refazendo experimentos, análises, vendo o que fazia sentido e o que não fazia.
Mas é, até o caderno de estatística foi pro lixo, e sei que na estante de livros, tem cadernos bem mais antigos pra jogar fora. Cadernos com anotações de seis anos atrás, que eu dizia pra mim mesma, "quando eu voltar de vez para minhas pesquisas, vou precisar disso". Não voltei (ainda), e se em seis anos não precisei, bem... vai pro lixo sim. Espero ter forças suficientes para isso.
Mas não é apenas objetivos materiais, acho que sentimentos e sensações também. Jogar no lixo certas pressões e problemas pessoais, estresses que aqui são gigantes, mas fora, serão pequenos. Principalmente relacionados ao trabalho. Quero jogar fora a sensação de impotência e de estar tão perdida, sem vontade de fazer algo.
Foto: Tim Gouw
Tem as roupas, calçados, documentos, principais exames médicos, remédios. Mas, tem as tiaras, os lenços, as toucas, meus cadernos de anotações, alguns livros, pasta de documentos, pasta de certificados talvez? Brincos, pulseiras, colares, presilhas de cabelo, maquiagem, itens pra fazer a unha, incluindo esmaltes. As canetas, as canetas coloridas, os marcadores de texto, os canetões, alguns post-its.
Cara, as fitinhas coloridas... eu disse a mim mesma que só ia levar de um tipo, mas aí tem as fitinhas coloridas de livros, a de pequenas anotações, minhas fitas... cara, eu preciso levar isso comigo, simplesmente NÃO DÁ pra NÃO TER meu pequeno arsenal de itens de papelaria. Acho até que vou levar a cola bastão e a tesoura.
Vou precisar fazer minhas colagens, meus escritos. Juro, seria tão mais fácil se fosse apenas alguns meses, mas com a perspectiva de serem 14 meses, antes de eu retornar ao Brasil, tá me dando mais ansiedade não levar tudo isso.
O que leva ao dilema inicial: a mala não vai caber tudo. Tem as roupas, os documentos, os exames médicos e os remédios.
E quanto mais eu penso, menos ação eu tenho, e no final das contas, a mala continua vazia...
0 Comentários
O que achou desse post? Encontrou algum erro ortográfico? Não deixe de comentar! Sua opinião é muito importante pra nós.
Não tem conta no google? Não tem problema.
Escolha a opção nome/url e coloque seu nome.
Volte sempre.